Meu mundo

quinta-feira, 29 de novembro de 2012



O Transtorno Autista
              O autismo tem seus sintomas manifestados desde o nascimento ou nos primeiros anos de vida, entretanto, a maioria dos pais e/ou cuidadores de crianças não atentam para os comportamentos evidenciados pelas crianças. Esse distúrbio manifesta-se isoladamente ou em associação com os outros distúrbios metabólicos que afetam o sistema nervoso central, tal como a epilepsia, rubéola congênita, espasmo infantil com hipoarritmia e esclerose tuberosa.
            Casos mais graves desta síndrome apresentam sintomas como autodestruição, isto é, demonstram comportamentos agressivos direcionados a ela própria, e gestos repetitivos. Os primeiros sinais de autismo podem ser difíceis de serem detectados já nos meses iniciais, entretanto, a mãe, algumas vezes, possui a sensação de que seu bebê apresenta-se diferente das outras crianças em algum aspecto, mas ainda assim, não é capaz de identificá-lo.
Os comportamentos estranhos observados nos primeiros meses de vida do bebê estão relacionados, por exemplo, à falta de consciência do bebê em relação a presença da mãe, a problemas na alimentação, e à falta de interesse a coisas e acontecimentos externos a elas. Gauderer (1993: 144), a respeito disso comenta que:
(...) às vezes, essas crianças passam horas se esfregando nas cobertas dos seus berços...Crianças autistas podem se mostrar fascinadas por luzes, e ficam, freqüentemente horas e horas olhando fixamente uma lâmpada acesa, às vezes, gargalhando e se contorcendo de excitação(...)

Estudos apontam inúmeros comportamentos e reações que caracterizam o portador da síndrome do autismo, dentre eles estão à dificuldade no relacionamento interpessoal, negação de respostas a estímulos, reações anormais a sensações diversas como ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar. Apresentam também um atraso na aquisição da linguagem, e esta quando se desenvolve, apresenta uma incapacidade de lhe dar um valor de comunicação, que se caracteriza pela ecolalia e inversão de pronomes.
Os indivíduos autistas também manifestam dificuldades em desenvolverem à imaginação, devido apresentarem ausência de brincadeiras de faz-de-conta. Eles não fazem uso de gestos ou expressões faciais para transmitir seus pensamentos e seus sentimentos.
Gauderer (1997) comenta que o choro no portador de autismo pode ser incontrolável ou inexplicável podendo ocorrer também, risadas ou sorrisos sem causa aparente sendo freqüente a reação exagerada (para mais ou para menos) a estímulos sensoriais, como luz, dor ou som.
No que se refere às relações com os objetos o autista não desenvolve relações normais com objetos que a rodeiam demonstrando relações extremas para com eles, que pode ser uma total falta de interesse, como pelo contrário, uma preocupação de forma obsessiva, a exemplo de quando se troca algum móvel do quarto o autista pode reagir com espanto através de choro ou gritos parando somente quando o objeto retorna ao seu antigo local.
É notório, quando o indivíduo autista deseja alguma coisa, como por exemplo, abrir a porta, utiliza as pessoas como ferramenta, ou seja, pega a mão da pessoa e a faz girar a maçaneta.
Segundo Gauderer (1997), tanto o relacionamento com as pessoas quanto com os objetos estão alterados no autista, sendo perceptível o interesse apenas por parte da pessoa e não por ela inteira, ocorrendo também, a indiferença ou aversão ao afeto e ao contato físico, à falta de contato visual e de resposta facial. O autor ainda comenta que, há nos portadores de autismo uma fascinação pelos movimentos giratórios que pode ser exemplificado pelo olhar extasiado a ventiladores e qualquer objeto em rotação, como piões, rodas, pratos, dentre outros.
Outra característica do autismo, refere-se a tendência de levar a cabo atividades repetitivas, como por exemplo, dar voltas ou efetuar movimentos rítmicos do corpo como dar palmadas ou movimentar circularmente as mãos.
Vale ressaltar que, é comum nos indivíduos autistas a não identificação de perigos reais, como veículos em movimento ou grandes alturas.
Segundo Mello (2001), o diagnóstico de autismo é feito basicamente através da avaliação do quadro clínico, não existindo testes laboratoriais específicos para a detecção do autismo, por isso, diz-se que o autismo não apresenta um “marcador biológico”.
Normalmente, o médico solicita exames para investigar condições, como, possíveis doenças que têm causas identificáveis e podem apresentar um quadro de autismo infantil, como a síndrome do x-frágil, fenilcetonúria ou esclerose tuberosa. É importante notar, contudo, que nenhuma das condições apresenta os sintomas de autismo infantil em todas as suas ocorrências.
Existem muitos fatores que contribuem para dificultar no diagnóstico precoce de autismo, devido os bebês autistas além de terem a aparência normal são calmos, mesmos com necessidade de alimentação, outros pelo contrário, são difíceis, com hábitos irregulares de alimentação e de sono, com períodos de choro incontroláveis. O mesmo acontece com sua postura corporal, pois se uns têm quase sempre o seu corpo rígido, outros se mantém no colo das mães molemente, não reagindo ao carinho.


     Alguns autistas são“bebês-modelo”, quase nunca choram, mesmo quando com fome. Outros se comportam de modo exatamente oposto. Eles choram ininterruptamente e não podem ser acalmados, exceto talvez embalando a criança continuamente ou levando-a para dar uma volta de carro. Nesse caso, mesmo paradas curtas no sinal fechado fazem o choro recomeçar. Ambos os tipos de bebês são difíceis e pouco recompensadores para os pais; os quietos por falta de reação ou interação, e os superativos com suas demandas impossíveis de serem satisfeitas. Nenhum dos dois estendem os bracinhos ou se fazem prontos para serem pegos no colo, quando sua mãe se aproxima. Isso é muito diferente no bebê normal que se mostra bastante ansioso para ser pego no colo e afagado. (Gauderer 1993:113)

Outra dificuldade no diagnóstico refere-se aos profissionais que poderiam fazê-lo mais cedo, como os pediatras, mas que não o fazem devido não terem um conhecimento aprofundado nesta área. Assim, é comum alguns desses profissionais pedirem aos pais para esperarem um pouco mais, pois o comportamento anormal pode ser resultante da “imaturidade”, ou seja, a criança ainda está em fase de maturação.
Diante dessa dificuldade de diagnosticar se uma criança é portadora de autismo ou não, bem como, tendo em vista a multiplicidade de critérios diagnósticos adotados pelos pesquisadores desde 1943, data em que foi publicado o artigo de Leo Kanner, surgiram várias tentativas de se adotarem critérios sintomatológicos que garantissem uma uniformidade diagnóstica, conforme Rosenberg apud Schwartzman et al (1995: 119). Assim, para melhor instrumentalizar e uniformizar o diagnóstico, foram criadas escalas, critérios diagnósticos como:

·      Sociedade Americana de Autismo (1965)
·      Clancy, Dugdale e Rendle-Short (1969)
  • D.S.M.III (1980)
  • D.S.M.III-R (1987)
  • CID – 10 (1992)
  • D.S.M. IV (1994)

No entanto, somente transcreveremos alguns desses critérios de acordo com Schwartzman et al (1995: 119):
A Sociedade Americana de Autismo, entidade que agrega pais e profissionais nos E.U.A, desde 1965, adotou os seguintes sintomas como critérios diagnósticos de autismo:

1. Distúrbios na seqüência de aquisição de habilidades físicas sociais e de linguagem.
2. Respostas anormais a sensações. Qualquer um ou uma combinação dos sentidos pode ser afetada: visão, audição. Tato, equilíbrio, olfato, paladar, reação a dor e a forma como o indivíduo se prostra fisicamente.
3. Fala e linguagem estão ausentes ou atrasadas,enquanto as capacidades
intelectuais podem estar presentes.
4. Formas anormais de relacionar-se com as pessoas, objetos e eventos.

         Ainda, Schwartzman et al (1995), comentam que Clancy, Dugdale e Rendi-Short da universidade de Qeensland na Austrália publicaram um estudo no ano de 1969, onde se apontavam 14 características, ou seja, sinais mais relevantes para diagnosticar o autismo, organizando o seguinte critério diagnóstico:

1.   Grande resistência em agrupar-se;
2.   Age como se fora surdo;
3.   Resistência a situações novas;
4.   Ausência de medo frente a perigos reais;
5.   Resistência a novos aprendizados;
6.   Indicação das necessidades através de gestos;
7.   Ri sem motivo aparente;
8.   Não abraça afetivamente as pessoas;
9.   Hiperatividade física acentuada;
10.  Evita olhar de frente;
11. Gira ou roda objetos incansavelmente;
12. Afeto comum a objetos especiais;
13. Jogos ocasionais de forma repetitiva;
14. Comportamento indiferente, isolado, retraído, não participante.

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