Meu mundo
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
O Transtorno Autista
O autismo tem seus sintomas
manifestados desde o nascimento ou nos primeiros anos de vida, entretanto, a
maioria dos pais e/ou cuidadores de crianças não atentam para os comportamentos
evidenciados pelas crianças. Esse distúrbio manifesta-se isoladamente ou em
associação com os outros distúrbios metabólicos que afetam o sistema nervoso
central, tal como a epilepsia, rubéola congênita, espasmo infantil com
hipoarritmia e esclerose tuberosa.
Casos mais graves desta síndrome
apresentam sintomas como autodestruição, isto é, demonstram comportamentos
agressivos direcionados a ela própria, e gestos repetitivos. Os primeiros sinais
de autismo podem ser difíceis de serem detectados já nos meses iniciais,
entretanto, a mãe, algumas vezes, possui a sensação de que seu bebê
apresenta-se diferente das outras crianças em algum aspecto, mas ainda assim,
não é capaz de identificá-lo.
Os comportamentos
estranhos observados nos primeiros meses de vida do bebê estão relacionados,
por exemplo, à falta de consciência do bebê em relação a presença da mãe, a
problemas na alimentação, e à falta de interesse a coisas e acontecimentos
externos a elas. Gauderer (1993: 144), a respeito disso comenta que:
(...) às vezes,
essas crianças passam horas se esfregando nas cobertas dos seus
berços...Crianças autistas podem se mostrar fascinadas por luzes, e ficam,
freqüentemente horas e horas olhando fixamente uma lâmpada acesa, às vezes,
gargalhando e se contorcendo de excitação(...)
Estudos apontam
inúmeros comportamentos e reações que caracterizam o portador da síndrome do
autismo, dentre eles estão à dificuldade no relacionamento interpessoal,
negação de respostas a estímulos, reações anormais a sensações diversas como
ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar. Apresentam também um atraso
na aquisição da linguagem, e esta quando se desenvolve, apresenta uma
incapacidade de lhe dar um valor de comunicação, que se caracteriza pela
ecolalia e inversão de pronomes.
Os indivíduos
autistas também manifestam dificuldades em desenvolverem à imaginação, devido
apresentarem ausência de brincadeiras de faz-de-conta. Eles não fazem uso de
gestos ou expressões faciais para transmitir seus pensamentos e seus
sentimentos.
Gauderer (1997)
comenta que o choro no portador de autismo pode ser incontrolável ou
inexplicável podendo ocorrer também, risadas ou sorrisos sem causa aparente
sendo freqüente a reação exagerada (para mais ou para menos) a estímulos
sensoriais, como luz, dor ou som.
No que se refere
às relações com os objetos o autista não desenvolve relações normais com
objetos que a rodeiam demonstrando relações extremas para com eles, que pode
ser uma total falta de interesse, como pelo contrário, uma preocupação de forma
obsessiva, a exemplo de quando se troca algum móvel do quarto o autista pode
reagir com espanto através de choro ou gritos parando somente quando o objeto
retorna ao seu antigo local.
É notório, quando
o indivíduo autista deseja alguma coisa, como por exemplo, abrir a porta,
utiliza as pessoas como ferramenta, ou seja, pega a mão da pessoa e a faz girar
a maçaneta.
Segundo Gauderer
(1997), tanto o relacionamento com as pessoas quanto com os objetos estão
alterados no autista, sendo perceptível o interesse apenas por parte da pessoa
e não por ela inteira, ocorrendo também, a indiferença ou aversão ao afeto e ao
contato físico, à falta de contato visual e de resposta facial. O autor ainda
comenta que, há nos portadores de autismo uma fascinação pelos movimentos
giratórios que pode ser exemplificado pelo olhar extasiado a ventiladores e
qualquer objeto em rotação, como piões, rodas, pratos, dentre outros.
Outra característica do autismo, refere-se a tendência de levar a cabo
atividades repetitivas, como por exemplo, dar voltas ou efetuar movimentos
rítmicos do corpo como dar palmadas ou movimentar circularmente as mãos.
Vale ressaltar que, é comum nos indivíduos autistas a não identificação
de perigos reais, como veículos em movimento ou grandes alturas.
Segundo Mello
(2001), o diagnóstico de autismo é feito basicamente através da avaliação do
quadro clínico, não existindo testes laboratoriais específicos para a detecção
do autismo, por isso, diz-se que o autismo não apresenta um “marcador
biológico”.
Normalmente, o médico solicita exames para investigar
condições, como, possíveis doenças que têm causas identificáveis e podem
apresentar um quadro de autismo infantil, como a síndrome do x-frágil, fenilcetonúria
ou esclerose tuberosa. É importante notar, contudo, que nenhuma das condições
apresenta os sintomas de autismo infantil em todas as suas ocorrências.
Existem muitos fatores que contribuem para dificultar no
diagnóstico precoce de autismo, devido os bebês autistas além de terem a
aparência normal são calmos, mesmos com necessidade de alimentação, outros pelo
contrário, são difíceis, com hábitos irregulares de alimentação e de sono, com
períodos de choro incontroláveis. O mesmo acontece com sua postura corporal,
pois se uns têm quase sempre o seu corpo rígido, outros se mantém no colo das
mães molemente, não reagindo ao carinho.
Alguns autistas são“bebês-modelo”, quase
nunca choram, mesmo quando com fome. Outros se comportam de modo exatamente
oposto. Eles choram ininterruptamente e não podem ser acalmados, exceto talvez
embalando a criança continuamente ou levando-a para dar uma volta de carro.
Nesse caso, mesmo paradas curtas no sinal fechado fazem o choro recomeçar.
Ambos os tipos de bebês são difíceis e pouco recompensadores para os pais; os
quietos por falta de reação ou interação, e os superativos com suas demandas
impossíveis de serem satisfeitas. Nenhum dos dois estendem os bracinhos ou se
fazem prontos para serem pegos no colo, quando sua mãe se aproxima. Isso é
muito diferente no bebê normal que se mostra bastante ansioso para ser pego no
colo e afagado. (Gauderer 1993:113)
Outra dificuldade no diagnóstico refere-se aos
profissionais que poderiam fazê-lo mais cedo, como os pediatras, mas que não o
fazem devido não terem um conhecimento aprofundado nesta área. Assim, é comum
alguns desses profissionais pedirem aos pais para esperarem um pouco mais, pois
o comportamento anormal pode ser resultante da “imaturidade”, ou seja, a
criança ainda está em fase de maturação.
Diante dessa dificuldade de diagnosticar se uma criança é
portadora de autismo ou não, bem como, tendo em vista a multiplicidade de
critérios diagnósticos adotados pelos pesquisadores desde 1943, data em que foi
publicado o artigo de Leo Kanner, surgiram várias tentativas de se adotarem
critérios sintomatológicos que garantissem uma uniformidade diagnóstica,
conforme Rosenberg apud Schwartzman et al (1995: 119). Assim, para melhor
instrumentalizar e uniformizar o diagnóstico, foram criadas escalas, critérios
diagnósticos como:
· Sociedade Americana de Autismo (1965)
·
Clancy, Dugdale e Rendle-Short
(1969)
- D.S.M.III (1980)
- D.S.M.III-R (1987)
- CID – 10 (1992)
- D.S.M. IV (1994)
No entanto, somente transcreveremos alguns desses critérios
de acordo com Schwartzman et al (1995: 119):
A Sociedade
Americana de Autismo, entidade que agrega pais e profissionais nos E.U.A, desde
1965, adotou os seguintes sintomas como critérios diagnósticos de autismo:
1. Distúrbios na
seqüência de aquisição de habilidades físicas sociais e de linguagem.
2. Respostas anormais
a sensações. Qualquer um ou uma combinação dos sentidos pode ser afetada:
visão, audição. Tato, equilíbrio, olfato, paladar, reação a dor e a forma como
o indivíduo se prostra fisicamente.
3. Fala e linguagem
estão ausentes ou atrasadas,enquanto as capacidades
intelectuais podem
estar presentes.
4. Formas anormais de
relacionar-se com as pessoas, objetos e eventos.
Ainda, Schwartzman et al (1995), comentam que Clancy, Dugdale e
Rendi-Short da universidade de Qeensland na Austrália publicaram um estudo no
ano de 1969, onde se apontavam 14 características, ou seja, sinais mais
relevantes para diagnosticar o autismo, organizando o seguinte critério
diagnóstico:
1. Grande resistência
em agrupar-se;
2. Age como se fora
surdo;
3. Resistência a
situações novas;
4. Ausência de medo
frente a perigos reais;
5. Resistência a
novos aprendizados;
6. Indicação das
necessidades através de gestos;
7. Ri sem motivo
aparente;
8. Não abraça
afetivamente as pessoas;
9. Hiperatividade
física acentuada;
10. Evita olhar de frente;
11. Gira ou roda
objetos incansavelmente;
12. Afeto comum a
objetos especiais;
13. Jogos
ocasionais de forma repetitiva;
14. Comportamento
indiferente, isolado, retraído, não participante.
OS TIPOS DE INTERVENÇÕES UTILIZADAS NA
EDUCAÇÃO E/OU TRATAMENTO DO AUTISMO.
Antes de falar de intervenções ou terapias educacionais possíveis para
melhorar a qualidade de vida dos portadores de autismo e suas famílias,
julga-se importante salientar o fato deste transtorno, atraso ou funcionamento
anormal afetar antes dos três anos de idade pelo menos uma das seguintes áreas.
1.
Interação social;
2.
Linguagem usada na
comunicação social;
3.
Imaginação.
Partindo desse pressuposto poderá haver o questionamento se o autismo
tem cura. Ainda não se pode falar em cura para o autismo. O indivíduo com esta
síndrome pode ser tratado e a partir daí desenvolver as suas habilidades de uma
forma muito mais intensiva do que outra pessoa que não tenha esse diagnóstico,
no entanto, sempre existirá dificuldade nas áreas caracteristicamente atingida
pela síndrome, como interação social, comunicação, etc.
De acordo com o grau de comprometimento a possibilidade do autista
desenvolver a comunicação verbal, interação social, alfabetização e outras
habilidades dependerá da intensidade e adequação do tratamento, mas é
intrínseca, a sua condição de autista, ou seja, ele terá maior dificuldades
nestas áreas do que uma pessoa “normal”.
Segundo Schwartzman et al
(1995):
superar a barreira
que isola o indivíduo autista do “nosso mundo”, não é um trabalho impossível.
Apesar de manter as suas dificuldades, dependendo do grau de comprometimento, o
indivíduo autista pode aprender os padrões “normais” de comportamento,
exercitar a sua cidadania, adquirir conhecimentos e integrar-se de maneira
satisfatória na sociedade (p.187).
Existe uma variedade de tratamentos propostos, no entanto
será citado somente alguns desses tratamento utilizado tanto para o portador de
autismo como para outros atrasos de desenvolvimento.
· Método TEACCH;
· Natação;
· Musicoterapia;
· Equinoterapia;
· Golfinoterapia;
· Software Educativos;
· Teoria da Mente;
· Terapia da Palavra;
· Holding ou Terapia do Abraço;
· PECS
· Pedagogia Waldorff
· Etc.
Como se pode observar tem sido variada a gama de modelos de intervenções
e de terapias utilizadas para desenvolver as habilidades no autista, desde intervenções médicas, terapêuticas e
psicológicas. No entanto, nosso trabalho irá abordar somente os programas que
envolvam as esferas de atendimento educacional e clínico.
Ao pretender educar um sujeito autista deve se ter claro quais as metas
a alcançar e assim buscar desenvolver ao máximo suas habilidades e competências
favorecendo desta forma seu bem-estar emocional, bem como seu equilíbrio
pessoal de uma forma harmoniosa,
tentando aproximá-lo de um mundo de relações sociais significativas.
Assim ao elaborar um programa de intervenção, deve-se considerar os
diferentes níveis de comprometimentos nos portadores de autismo, pois o
critério para a escolha dos objetivos está no próprio potencial de cada
educando. Assim de acordo com Schwartzman (1995):
“Entre alunos portadores de necessidades educativas especiais são
maiores as diferenças individuais, por isso o cuidado com a elaboração de um
programa individualizado”(p.214).
Dessa forma, os métodos utilizados com os sujeitos autistas devem estar
centrados nas necessidades de cada um. Dessa forma o educador deve estar atento
em quais canais de comunicação apresentam-se mais receptivo a uma estimulação.
Pois uns podem ter um rendimento satisfatório na estimulação visual, outros na
estimulação auditiva e outros na estimulação tátil, e assim por diante.
Vale ressaltar que a avaliação deve ser global, cuidadosa e detalhada
através do uso de um roteiro de observação baseado numa escala de
desenvolvimento, com o objetivo de traçar o perfil do educando para que o
professor tenha subsídios mais fidedignos para a elaboração do Plano Individual
de ensino(PIE).
3.1 – Intervenção Clínica
3.1.1 - Musicoterapia.
A musicoterapia é considerada uma ciência paramédica que estuda a
relação do homem com o som e a música. Santos (2004) comenta que ”A influência
fisiológica e psicológica do som no cérebro traz inúmeros benefícios à pessoa”.
Assim, a sua aplicação têm sido junto a pacientes portadores de deficiências
físicas, como paralisia e distrofia muscular progressiva. As deficiências
sensoriais(visual e auditiva) e as síndromes genéticas (Down, Turner e Rett)
também contam com essa opção como tratamento complementar. Distúrbios
neurológicos (lesões cerebrais, dislexia, disfonias, entre outros) e doenças
mentais, como esquizofrenia, autismo infantil, depressões e distúrbios
obsessivo compulsivo também podem se beneficiar com essa terapia.
A música relaxa e tranqüiliza as crianças podendo ser usada também como
um recurso para trabalhar a linguagem. A percepção corporal através da dança
também fará parte do processo terapêutico. Com isso, a criança passa a ter
contato consigo mesma e com o outro, é uma forma de integrá-la ao meio.
Alguns autistas adoram música e é recomendado que o tratamento com esse
método se inicie o quanto antes, pois a música encoraja, acalma, ajuda a
descontrair, entusiasma, favorece a associação e lembrança entre fatos e
acontecimentos, além de propiciar uma maior integração com as pessoas.
O papel de pais e educadores no desenvolvimento cognitivo, lingüístico e social do portador da síndrome do autismo
O papel de pais e educadores no desenvolvimento cognitivo, lingüístico e social do portador da síndrome do autismo.
Este Foi fruto do Trabalho de Conclusão do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual Do Pará, no ano de 2005
Orientador:Manoel Delmo de Oliveira
Autoras :Flávia Lobato dos Santos Marvão
Iara Conceição De Souza Pinheiro
Sara Corrêa Bastos
Crianças com o olhar distante,
Distraem-se com as mãozinhas.
Com atitudes inconstantes,
Se isolam no seus mundos, sozinhas.
( Luciana Rodrigues Boralli )
Primordialmente, o
que motivou a elaboração da respectiva pesquisa, foi o contato do grupo com o
filme “Meu filho, meu mundo”, onde foi possível perceber a angústia da família
diante do prognóstico de que seu filho era autista e que não existia cura para
essa síndrome. Podemos inferir ainda que o
tratamento a que os portadores de autismo eram submetidos nas clínicas
especializadas era desumano, embora para época era comum o uso de castigos, de
choques elétricos, e de aprisionamento das crianças nessas instituições.
Outro fato que nos
despertou atenção foi a intensa modificação do cotidiano desta família após o insucesso de encontrar uma clínica
especializada que atendesse adequadamente seu filho autista, haja vista que,
esses pais passaram a viver em função
desta criança, deixando muitas vezes de realizarem suas atividades
profissionais e de darem atenção necessária aos demais filhos. Tudo isso, com o
objetivo de interagir com aquele filho,
e assim, tentar aproximá-lo da realidade.
Ressalta-se também
que esses pais após saberem que seu filho era autista, não deixaram de
acreditar que era possível encontrar profissionais e clínicas especializadas
para atendê-lo e assim ajudá-lo a desenvolver suas potencialidades na área
cognitiva, lingüística e social. No entanto, todas as clínicas que visitaram
não ofereciam um tratamento adequado ao portador dessa síndrome. Diante disso,
eles resolveram adaptar um cantinho em sua casa para intervir junto ao seu
filho, criando assim, a “Terapia Familiar”, que consistia primeiramente em
imitar os gestos da criança, depois passaram a observar o que ele gostava ou
não, logo após introduziram jogos, alimentação, ou seja, uma variedade de
recursos que despertasse a sua atenção e interesse.
Todos esses
acontecimentos nesse filme motivaram o grupo a ter interesse em obter um
conhecimento mais amplo a respeito da Síndrome do Autismo, visto que o nosso
curso de graduação em Pedagogia também é direcionado à área de Educação
Especial.
Outro aspecto
relevante que propiciou a realização deste trabalho foi o fato de existirem
obras publicadas principalmente em Belém do Pará sobre a Síndrome do Autismo.
Assim, desde 1943,
quando o autismo recebeu sua denominação pelo Dr. Leo Kanner até agora, muito
pouco se difundiu sobre o assunto em nossa sociedade. Algumas pessoas já
ouviram falar, outras nunca. Ninguém sabe dizer ao certo o que é este distúrbio
e as suas causas.
O autismo é hoje
considerado por muitos estudiosos na área como uma Síndrome comportamental com
etiologias múltiplas, sendo caracterizada por um déficit social visualizado
pela inabilidade em relacionar-se com o outro, combinada com déficit da
linguagem e alterações de comportamento.
O presente
trabalho tem como objetivo investigar a contribuição de pais e educadores de
autistas na compreensão dessa síndrome levando-se em consideração as mútuas
relações que se estabelecem entre os aspectos cognitivo, lingüístico e social.
Definição de Autismo
Autismo vem do grego; autos que significa si mesmo. Esta designação é
usada porque as crianças possuidoras desta síndrome passam por um estágio em
que se voltam para si mesmas, e não se interessam pelo mundo exterior. Gauderer
(1997:179) define o autismo como:
“uma doença grave,
crônica, incapacitante que compromete o desenvolvimento normal e uma criança, e
se manifesta tipicamente antes do terceiro ano de vida. Caracteriza-se por
diminuir e lesar o ritmo do desenvolvimento psicológico, social e lingüístico.
Estas crianças também apresentam reações anormais diversas como ouvir, ver,
tocar, sentir, equilibrar e degustar. A linguagem é atrasada ou não se
manifesta. Relacionam-se com pessoas, objetos ou eventos de uma maneira não
usual, tudo levando a crer que haja um comprometimento orgânico do Sistema
Nervoso Central”
A maioria das definições de Autismo que estão sendo utilizadas atualmente
por vários autores e profissionais que atuam nesta área reflete o consenso
profissional a que se chegou após décadas de estudos e pesquisas.
Característica do Portador de Autismo.
O autismo tem seus sintomas manifestados desde o nascimento ou nos
primeiros anos de vida, entretanto, a maioria dos pais e/ou cuidadores de
crianças não atentam para os comportamentos evidenciados pelas crianças. Esse
distúrbio manifesta-se isoladamente ou em associação com os outros distúrbios
metabólicos que afetam o sistema nervoso central, tal como a epilepsia, rubéola
congênita, espasmo infantil com hipoarritmia e esclerose tuberosa.
Casos mais graves desta síndrome apresentam sintomas como
autodestruição, isto é, demonstram comportamentos agressivos direcionados a ela
própria, e gestos repetitivos. Os primeiros sinais de autismo podem ser
difíceis de serem detectados já nos meses iniciais, entretanto, a mãe, algumas
vezes, possui a sensação de que seu bebê apresenta-se diferente das outras
crianças em algum aspecto, mas ainda assim, não é capaz de identificá-lo.
Os comportamentos estranhos observados nos primeiros meses de vida do
bebê estão relacionados, por exemplo, à falta de consciência do bebê em relação
a presença da mãe, a problemas na alimentação, e à falta de interesse a coisas
e acontecimentos externos a elas. Gauderer (1993: 144), a respeito disso
comenta que:
(...) às vezes, essas crianças passam horas se esfregando
nas cobertas dos seus berços...Crianças autistas podem se mostrar fascinadas
por luzes, e ficam, freqüentemente horas e horas olhando fixamente uma lâmpada
acesa, às vezes, gargalhando e se contorcendo de excitação(...)
Estudos apontam inúmeros comportamentos e reações que caracterizam o
portador da síndrome do autismo, dentre eles estão a dificuldade no
relacionamento interpessoal, negação de respostas a estímulos, reações anormais
a sensações diversas como ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar.
Apresentam também um atraso na aquisição da linguagem, e esta quando se
desenvolve, apresenta uma incapacidade de lhe dar um valor de comunicação, que
se caracteriza pela ecolalia e inversão de pronomes.
Os indivíduos autistas também manifestam dificuldades em desenvolverem à
imaginação, devido apresentarem ausência de brincadeiras de faz-de-conta. Eles
não fazem uso de gestos ou expressões faciais para transmitir seus pensamentos
e seus sentimentos.
Gauderer (1997), comenta que o choro no portador de autismo pode ser
incontrolável ou inexplicável podendo ocorrer também, risadas ou sorrisos sem
causa aparente sendo freqüente a reação exagerada (para mais ou para menos) a
estímulos sensoriais, como luz, dor ou som.
No que se refere às relações com os objetos o autista
não desenvolve relações normais com objetos que a rodeiam demonstrando relações
extremas para com eles, que pode ser uma total falta de
interesse, como pelo contrário, uma preocupação de forma obsessiva, a
exemplo de quando se troca algum móvel do quarto o autista pode reagir com
espanto através de choro ou gritos parando somente quando o objeto retorna ao
seu antigo local.
É notório, quando o indivíduo autista deseja alguma coisa, como por exemplo,
abrir a porta, utiliza as pessoas como ferramenta, ou seja, pega a mão da
pessoa e a faz girar a maçaneta.
Segundo Gauderer (1997), tanto o relacionamento com as pessoas quanto
com os objetos estão alterados no autista, sendo perceptível o interesse apenas
por parte da pessoa e não por ela inteira, ocorrendo também, a indiferença ou
aversão ao afeto e ao contato físico, à falta de contato visual e de resposta
facial. O autor ainda comenta que, há nos portadores de autismo uma fascinação
pelos movimentos giratórios que pode ser exemplificado pelo olhar extasiado a
ventiladores e qualquer objeto em rotação, como piões, rodas, pratos, dentre
outros.
Outra característica do autismo, refere-se a tendência de
levar a cabo atividades repetitivas, como por exemplo, dar voltas ou efetuar
movimentos rítmicos do corpo como dar palmadas ou movimentar circularmente as
mãos.
Vale ressaltar que, é comum nos indivíduos autistas a não
identificação de perigos reais, como veículos em movimento ou grandes alturas.
A Família e o Autista
A família é conceituada como um sistema social pequeno e
interdependente, e ainda pode ser encontrado um subsistema ainda menor,
dependendo do tamanho da família e da definição de papéis. Buscáglia (1993),
discute que todas as pessoas de diferentes maneiras, já obtiveram experiências
relacionadas à família e sentiram suas influências, às vezes traumáticas e
negativas.
Nesta perspectiva, Spraviore apud Schwartzman et (1995:266), comenta
que:
“A família, enquanto subsistema da sociedade, é o espaço em que os seres
humanos vivenciam a experiência de construir a sua identidade. È através da
família que o ser amplia suas relações com o mundo, sempre se relacionando em
grupos. Mesmo quando estamos sozinhos, nossas referências de valores e normas
sociais advêm dos grupos que internalizamos no decorrer de nossa vida”.
Assim, seja qual
forem os diversos conceitos que se têm sobre a família, é importante salientar
que o ambiente familiar é uma força poderosa, que influência no comportamento
do indivíduo, que é indispensável à vida de qualquer ser humano.
A notícia da chegada de um novo membro na família pode
significar a realização de um sonho, uma conquista, ou estreitamento
do laço afetivo,
mas também, pode ser a realização de um ideal onde os pais vivenciam com muita
expectativa a vinda dessa criança tão desejada. No entanto, quando essa criança
começa a apresentar um desenvolvimento diferente se comparada as demais
crianças esse momento passa a ser vivido com muita angústia e desesperança até
se chegar a um diagnóstico preciso.
Vale comentar que,
quando a família recebe o diagnóstico que seu filho é portador da síndrome do
autismo pode acontecer um desequilíbrio dentro desse grupo devido não estarem
preparado para o “novo”, ou seja, para lidar com a síndrome do autismo.
“O autismo do filho coloca a família frente a uma série de emoções de “luto pela perda da criança saudável que esperavam. Apresenta, por isso, sentimentos de desvalia por ter sido escolhida para viver essa experiência dolorosa”(Spraviore apud Schwartzman et al 1995: 265).
Spraviore apud
Schwartzman et al (1995), relata que na vivência de perda do filho saudável
nota-se uma perturbação aguda com os seguintes sintomas: desespero extremamente
forte, algumas vezes expresso pelo desejo de morte, raiva, amargura,
persistente, sentimento de vingança e de culpa.
Assim, nessa
família percebe-se que existe um processo de luto devido o nascimento de uma
criança especial, pois o filho saudável que esperavam não existia mais. Assim,
as relações familiares passam por mudanças, em virtude de seus membros ainda
não se adaptaram a essa nova situação.
O autismo leva o contexto familiar à ruptura entre seus membros, pois interrompe suas atividades sociais normais, o clima emocional transforma-se, no interior e exterior”(SPRAVIORE apud Schwartzman et al 1995:266).
Isso tudo se deve
ao fato da maioria das famílias com pessoas com necessidades educativas
especiais acharem que esses indivíduos não podem aprender, ou se desenvolver.
Sentindo-se frustradas e diminuídas frente ao social, pois não podem participar
em termos de igualdade do processo da sociedade, já que, a sociedade não
valoriza o ser humano que não corresponde as suas necessidades.
Spraviore apud
Schwartzman et a (1995),comenta que:
“A sociedade tem dificuldades de conviver com o "diferente as vezes expressa de forma ou clara, ou sutil, sua insensibilidade, por falta de conhecimento, rejeição e preconceito em relação não só a criança autista, mas a qualquer pessoa com alguma necessidade educativa especial”(p.269),
Após o
diagnóstico, vem o momento de adaptação, de aceitação a esta criança. Em
algumas famílias esta adaptação pode ser a longo prazo, entretanto, em outras
pode se dar a curto prazo, ou seja, varia de família para família. Perske,
citado por Powel (1992:57) explica que:
(...) quando uma nova criança apresenta uma deficiência, a família com freqüência dispende uma energia além do normal. È necessário abrir a mente e o coração, a fim de que a criança deficiente possa ser compreendida, amada e aceita como membro de um círculo familiar unido. Por outro lado, algumas famílias tornam-se frias com relação a essa criança, e muitos mudam para pior(...)
Um outro fator
relevante que influencia na dinâmica da família consiste na aceitação ou
rejeição da criança deficiente, sendo assim, a maneira como o grupo familiar
enfrentou problemas sérios no passado, está diretamente ligado à maneira como
esse grupo enfrentará novos problemas. Buscáglia (1993), afirma que:
(...) uma família pode atuar, dependendo de seu estado
psicológico, positivamente como mediadora entre a sociedade em que seu filho
viverá e um ambiente mais amoroso, receptivo e consciente de que a mesma poderá
oferecer. Para que isso ocorra, é necessário que cada membro do grupo familiar
deva adaptar seus próprios sentimentos em relação à criança deficiente
e todo o grupo familiar tem a obrigação de compreender que dessa maneira, a
mesma poderá, ajudar a criança a ajudar os seus sentimentos em relação à
própria deficiência e a si mesma, como uma pessoa completa(...)(p. 89).
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