Meu mundo

quinta-feira, 29 de novembro de 2012



O Transtorno Autista
              O autismo tem seus sintomas manifestados desde o nascimento ou nos primeiros anos de vida, entretanto, a maioria dos pais e/ou cuidadores de crianças não atentam para os comportamentos evidenciados pelas crianças. Esse distúrbio manifesta-se isoladamente ou em associação com os outros distúrbios metabólicos que afetam o sistema nervoso central, tal como a epilepsia, rubéola congênita, espasmo infantil com hipoarritmia e esclerose tuberosa.
            Casos mais graves desta síndrome apresentam sintomas como autodestruição, isto é, demonstram comportamentos agressivos direcionados a ela própria, e gestos repetitivos. Os primeiros sinais de autismo podem ser difíceis de serem detectados já nos meses iniciais, entretanto, a mãe, algumas vezes, possui a sensação de que seu bebê apresenta-se diferente das outras crianças em algum aspecto, mas ainda assim, não é capaz de identificá-lo.
Os comportamentos estranhos observados nos primeiros meses de vida do bebê estão relacionados, por exemplo, à falta de consciência do bebê em relação a presença da mãe, a problemas na alimentação, e à falta de interesse a coisas e acontecimentos externos a elas. Gauderer (1993: 144), a respeito disso comenta que:
(...) às vezes, essas crianças passam horas se esfregando nas cobertas dos seus berços...Crianças autistas podem se mostrar fascinadas por luzes, e ficam, freqüentemente horas e horas olhando fixamente uma lâmpada acesa, às vezes, gargalhando e se contorcendo de excitação(...)

Estudos apontam inúmeros comportamentos e reações que caracterizam o portador da síndrome do autismo, dentre eles estão à dificuldade no relacionamento interpessoal, negação de respostas a estímulos, reações anormais a sensações diversas como ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar. Apresentam também um atraso na aquisição da linguagem, e esta quando se desenvolve, apresenta uma incapacidade de lhe dar um valor de comunicação, que se caracteriza pela ecolalia e inversão de pronomes.
Os indivíduos autistas também manifestam dificuldades em desenvolverem à imaginação, devido apresentarem ausência de brincadeiras de faz-de-conta. Eles não fazem uso de gestos ou expressões faciais para transmitir seus pensamentos e seus sentimentos.
Gauderer (1997) comenta que o choro no portador de autismo pode ser incontrolável ou inexplicável podendo ocorrer também, risadas ou sorrisos sem causa aparente sendo freqüente a reação exagerada (para mais ou para menos) a estímulos sensoriais, como luz, dor ou som.
No que se refere às relações com os objetos o autista não desenvolve relações normais com objetos que a rodeiam demonstrando relações extremas para com eles, que pode ser uma total falta de interesse, como pelo contrário, uma preocupação de forma obsessiva, a exemplo de quando se troca algum móvel do quarto o autista pode reagir com espanto através de choro ou gritos parando somente quando o objeto retorna ao seu antigo local.
É notório, quando o indivíduo autista deseja alguma coisa, como por exemplo, abrir a porta, utiliza as pessoas como ferramenta, ou seja, pega a mão da pessoa e a faz girar a maçaneta.
Segundo Gauderer (1997), tanto o relacionamento com as pessoas quanto com os objetos estão alterados no autista, sendo perceptível o interesse apenas por parte da pessoa e não por ela inteira, ocorrendo também, a indiferença ou aversão ao afeto e ao contato físico, à falta de contato visual e de resposta facial. O autor ainda comenta que, há nos portadores de autismo uma fascinação pelos movimentos giratórios que pode ser exemplificado pelo olhar extasiado a ventiladores e qualquer objeto em rotação, como piões, rodas, pratos, dentre outros.
Outra característica do autismo, refere-se a tendência de levar a cabo atividades repetitivas, como por exemplo, dar voltas ou efetuar movimentos rítmicos do corpo como dar palmadas ou movimentar circularmente as mãos.
Vale ressaltar que, é comum nos indivíduos autistas a não identificação de perigos reais, como veículos em movimento ou grandes alturas.
Segundo Mello (2001), o diagnóstico de autismo é feito basicamente através da avaliação do quadro clínico, não existindo testes laboratoriais específicos para a detecção do autismo, por isso, diz-se que o autismo não apresenta um “marcador biológico”.
Normalmente, o médico solicita exames para investigar condições, como, possíveis doenças que têm causas identificáveis e podem apresentar um quadro de autismo infantil, como a síndrome do x-frágil, fenilcetonúria ou esclerose tuberosa. É importante notar, contudo, que nenhuma das condições apresenta os sintomas de autismo infantil em todas as suas ocorrências.
Existem muitos fatores que contribuem para dificultar no diagnóstico precoce de autismo, devido os bebês autistas além de terem a aparência normal são calmos, mesmos com necessidade de alimentação, outros pelo contrário, são difíceis, com hábitos irregulares de alimentação e de sono, com períodos de choro incontroláveis. O mesmo acontece com sua postura corporal, pois se uns têm quase sempre o seu corpo rígido, outros se mantém no colo das mães molemente, não reagindo ao carinho.


     Alguns autistas são“bebês-modelo”, quase nunca choram, mesmo quando com fome. Outros se comportam de modo exatamente oposto. Eles choram ininterruptamente e não podem ser acalmados, exceto talvez embalando a criança continuamente ou levando-a para dar uma volta de carro. Nesse caso, mesmo paradas curtas no sinal fechado fazem o choro recomeçar. Ambos os tipos de bebês são difíceis e pouco recompensadores para os pais; os quietos por falta de reação ou interação, e os superativos com suas demandas impossíveis de serem satisfeitas. Nenhum dos dois estendem os bracinhos ou se fazem prontos para serem pegos no colo, quando sua mãe se aproxima. Isso é muito diferente no bebê normal que se mostra bastante ansioso para ser pego no colo e afagado. (Gauderer 1993:113)

Outra dificuldade no diagnóstico refere-se aos profissionais que poderiam fazê-lo mais cedo, como os pediatras, mas que não o fazem devido não terem um conhecimento aprofundado nesta área. Assim, é comum alguns desses profissionais pedirem aos pais para esperarem um pouco mais, pois o comportamento anormal pode ser resultante da “imaturidade”, ou seja, a criança ainda está em fase de maturação.
Diante dessa dificuldade de diagnosticar se uma criança é portadora de autismo ou não, bem como, tendo em vista a multiplicidade de critérios diagnósticos adotados pelos pesquisadores desde 1943, data em que foi publicado o artigo de Leo Kanner, surgiram várias tentativas de se adotarem critérios sintomatológicos que garantissem uma uniformidade diagnóstica, conforme Rosenberg apud Schwartzman et al (1995: 119). Assim, para melhor instrumentalizar e uniformizar o diagnóstico, foram criadas escalas, critérios diagnósticos como:

·      Sociedade Americana de Autismo (1965)
·      Clancy, Dugdale e Rendle-Short (1969)
  • D.S.M.III (1980)
  • D.S.M.III-R (1987)
  • CID – 10 (1992)
  • D.S.M. IV (1994)

No entanto, somente transcreveremos alguns desses critérios de acordo com Schwartzman et al (1995: 119):
A Sociedade Americana de Autismo, entidade que agrega pais e profissionais nos E.U.A, desde 1965, adotou os seguintes sintomas como critérios diagnósticos de autismo:

1. Distúrbios na seqüência de aquisição de habilidades físicas sociais e de linguagem.
2. Respostas anormais a sensações. Qualquer um ou uma combinação dos sentidos pode ser afetada: visão, audição. Tato, equilíbrio, olfato, paladar, reação a dor e a forma como o indivíduo se prostra fisicamente.
3. Fala e linguagem estão ausentes ou atrasadas,enquanto as capacidades
intelectuais podem estar presentes.
4. Formas anormais de relacionar-se com as pessoas, objetos e eventos.

         Ainda, Schwartzman et al (1995), comentam que Clancy, Dugdale e Rendi-Short da universidade de Qeensland na Austrália publicaram um estudo no ano de 1969, onde se apontavam 14 características, ou seja, sinais mais relevantes para diagnosticar o autismo, organizando o seguinte critério diagnóstico:

1.   Grande resistência em agrupar-se;
2.   Age como se fora surdo;
3.   Resistência a situações novas;
4.   Ausência de medo frente a perigos reais;
5.   Resistência a novos aprendizados;
6.   Indicação das necessidades através de gestos;
7.   Ri sem motivo aparente;
8.   Não abraça afetivamente as pessoas;
9.   Hiperatividade física acentuada;
10.  Evita olhar de frente;
11. Gira ou roda objetos incansavelmente;
12. Afeto comum a objetos especiais;
13. Jogos ocasionais de forma repetitiva;
14. Comportamento indiferente, isolado, retraído, não participante.




OS TIPOS DE INTERVENÇÕES UTILIZADAS NA EDUCAÇÃO E/OU TRATAMENTO DO AUTISMO.


Antes de falar de intervenções ou terapias educacionais possíveis para melhorar a qualidade de vida dos portadores de autismo e suas famílias, julga-se importante salientar o fato deste transtorno, atraso ou funcionamento anormal afetar antes dos três anos de idade pelo menos uma das seguintes áreas.
1.   Interação social;
2.   Linguagem usada na comunicação social;
3.   Imaginação.

Partindo desse pressuposto poderá haver o questionamento se o autismo tem cura. Ainda não se pode falar em cura para o autismo. O indivíduo com esta síndrome pode ser tratado e a partir daí desenvolver as suas habilidades de uma forma muito mais intensiva do que outra pessoa que não tenha esse diagnóstico, no entanto, sempre existirá dificuldade nas áreas caracteristicamente atingida pela síndrome, como interação social, comunicação, etc.
De acordo com o grau de comprometimento a possibilidade do autista desenvolver a comunicação verbal, interação social, alfabetização e outras habilidades dependerá da intensidade e adequação do tratamento, mas é intrínseca, a sua condição de autista, ou seja, ele terá maior dificuldades nestas áreas do que uma pessoa “normal”.
Segundo Schwartzman et al (1995):

 superar a barreira que isola o indivíduo autista do “nosso mundo”, não é um trabalho impossível. Apesar de manter as suas dificuldades, dependendo do grau de comprometimento, o indivíduo autista pode aprender os padrões “normais” de comportamento, exercitar a sua cidadania, adquirir conhecimentos e integrar-se de maneira satisfatória na sociedade (p.187).


Existe uma variedade de tratamentos propostos, no entanto será citado somente alguns desses tratamento utilizado tanto para o portador de autismo como para outros atrasos de desenvolvimento.
·      Método TEACCH;
·      Natação;
·      Musicoterapia;
·      Equinoterapia;
·      Golfinoterapia;
·      Software Educativos;
·      Teoria da Mente;
·      Terapia da Palavra;
·      Holding ou Terapia do Abraço;
·      PECS
·      Pedagogia Waldorff
·      Etc.

Como se pode observar tem sido variada a gama de modelos de intervenções e de terapias utilizadas para desenvolver as habilidades no autista, desde  intervenções médicas, terapêuticas e psicológicas. No entanto, nosso trabalho irá abordar somente os programas que envolvam as esferas de atendimento educacional e clínico.    
Ao pretender educar um sujeito autista deve se ter claro quais as metas a alcançar e assim buscar desenvolver ao máximo suas habilidades e competências favorecendo desta forma seu bem-estar emocional, bem como seu equilíbrio pessoal de uma forma  harmoniosa, tentando aproximá-lo de um mundo de relações sociais significativas.
Assim ao elaborar um programa de intervenção, deve-se considerar os diferentes níveis de comprometimentos nos portadores de autismo, pois o critério para a escolha dos objetivos está no próprio potencial de cada educando. Assim de acordo com Schwartzman (1995):
“Entre alunos portadores de necessidades educativas especiais são maiores as diferenças individuais, por isso o cuidado com a elaboração de um programa individualizado”(p.214).
Dessa forma, os métodos utilizados com os sujeitos autistas devem estar centrados nas necessidades de cada um. Dessa forma o educador deve estar atento em quais canais de comunicação apresentam-se mais receptivo a uma estimulação. Pois uns podem ter um rendimento satisfatório na estimulação visual, outros na estimulação auditiva e outros na estimulação tátil, e assim por diante.
Vale ressaltar que a avaliação deve ser global, cuidadosa e detalhada através do uso de um roteiro de observação baseado numa escala de desenvolvimento, com o objetivo de traçar o perfil do educando para que o professor tenha subsídios mais fidedignos para a elaboração do Plano Individual de ensino(PIE).



3.1 – Intervenção Clínica
 3.1.1 - Musicoterapia.
A musicoterapia é considerada uma ciência paramédica que estuda a relação do homem com o som e a música. Santos (2004) comenta que ”A influência fisiológica e psicológica do som no cérebro traz inúmeros benefícios à pessoa”. Assim, a sua aplicação têm sido junto a pacientes portadores de deficiências físicas, como paralisia e distrofia muscular progressiva. As deficiências sensoriais(visual e auditiva) e as síndromes genéticas (Down, Turner e Rett) também contam com essa opção como tratamento complementar. Distúrbios neurológicos (lesões cerebrais, dislexia, disfonias, entre outros) e doenças mentais, como esquizofrenia, autismo infantil, depressões e distúrbios obsessivo compulsivo também podem se beneficiar com essa terapia.
A música relaxa e tranqüiliza as crianças podendo ser usada também como um recurso para trabalhar a linguagem. A percepção corporal através da dança também fará parte do processo terapêutico. Com isso, a criança passa a ter contato consigo mesma e com o outro, é uma forma de integrá-la ao meio.
Alguns autistas adoram música e é recomendado que o tratamento com esse método se inicie o quanto antes, pois a música encoraja, acalma, ajuda a descontrair, entusiasma, favorece a associação e lembrança entre fatos e acontecimentos, além de propiciar uma maior integração com as pessoas.

O papel de pais e educadores no desenvolvimento cognitivo, lingüístico e social do portador da síndrome do autismo

                      

O papel de pais e educadores no desenvolvimento cognitivo, lingüístico e social do portador da síndrome do autismo.

Este Foi fruto do Trabalho de Conclusão do Curso  de Pedagogia da Universidade Estadual Do Pará, no ano de 2005

Orientador:Manoel Delmo de Oliveira

 Autoras :Flávia Lobato dos Santos Marvão

               Iara Conceição De Souza Pinheiro

               Sara Corrêa Bastos

 

Crianças com o olhar distante,
Distraem-se com as mãozinhas.
Com atitudes inconstantes,
Se isolam no seus mundos, sozinhas.




( Luciana Rodrigues Boralli )


Primordialmente, o que motivou a elaboração da respectiva pesquisa, foi o contato do grupo com o filme “Meu filho, meu mundo”, onde foi possível perceber a angústia da família diante do prognóstico de que seu filho era autista e que não existia cura para essa síndrome. Podemos inferir ainda que o  tratamento a que os portadores de autismo eram submetidos nas clínicas especializadas era desumano, embora para época era comum o uso de castigos, de choques elétricos, e de aprisionamento das crianças nessas instituições. 

Outro fato que nos despertou atenção foi a intensa modificação do cotidiano desta família  após o insucesso de encontrar uma clínica especializada que atendesse adequadamente seu filho autista, haja vista que, esses pais  passaram a viver em função desta criança, deixando muitas vezes de realizarem suas atividades profissionais e de darem atenção necessária aos demais filhos. Tudo isso, com o objetivo de  interagir com aquele filho, e assim, tentar aproximá-lo da realidade.
Ressalta-se também que esses pais após saberem que seu filho era autista, não deixaram de acreditar que era possível encontrar profissionais e clínicas especializadas para atendê-lo e assim ajudá-lo a desenvolver suas potencialidades na área cognitiva, lingüística e social. No entanto, todas as clínicas que visitaram não ofereciam um tratamento adequado ao portador dessa síndrome. Diante disso, eles resolveram adaptar um cantinho em sua casa para intervir junto ao seu filho, criando assim, a “Terapia Familiar”, que consistia primeiramente em imitar os gestos da criança, depois passaram a observar o que ele gostava ou não, logo após introduziram jogos, alimentação, ou seja, uma variedade de recursos que despertasse a sua atenção e interesse.
Todos esses acontecimentos nesse filme motivaram o grupo a ter interesse em obter um conhecimento mais amplo a respeito da Síndrome do Autismo, visto que o nosso curso de graduação em Pedagogia também é direcionado à área de Educação Especial.
Outro aspecto relevante que propiciou a realização deste trabalho foi o fato de existirem obras publicadas principalmente em Belém do Pará sobre a Síndrome do Autismo.
Assim, desde 1943, quando o autismo recebeu sua denominação pelo Dr. Leo Kanner até agora, muito pouco se difundiu sobre o assunto em nossa sociedade. Algumas pessoas já ouviram falar, outras nunca. Ninguém sabe dizer ao certo o que é este distúrbio e as suas causas.
O autismo é hoje considerado por muitos estudiosos na área como uma Síndrome comportamental com etiologias múltiplas, sendo caracterizada por um déficit social visualizado pela inabilidade em relacionar-se com o outro, combinada com déficit da linguagem e alterações de comportamento.
O presente trabalho tem como objetivo investigar a contribuição de pais e educadores de autistas na compreensão dessa síndrome levando-se em consideração as mútuas relações que se estabelecem entre os aspectos cognitivo, lingüístico e social.
   
Definição de Autismo


Autismo vem do grego; autos que significa si mesmo. Esta designação é usada porque as crianças possuidoras desta síndrome passam por um estágio em que se voltam para si mesmas, e não se interessam pelo mundo exterior. Gauderer (1997:179) define o autismo como:


“uma doença grave, crônica, incapacitante que compromete o desenvolvimento normal e uma criança, e se manifesta tipicamente antes do terceiro ano de vida. Caracteriza-se por diminuir e lesar o ritmo do desenvolvimento psicológico, social e lingüístico. Estas crianças também apresentam reações anormais diversas como ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar. A linguagem é atrasada ou não se manifesta. Relacionam-se com pessoas, objetos ou eventos de uma maneira não usual, tudo levando a crer que haja um comprometimento orgânico do Sistema Nervoso Central”


A maioria das definições de Autismo que estão sendo utilizadas atualmente por vários autores e profissionais que atuam nesta área reflete o consenso profissional a que se chegou após décadas de estudos e pesquisas.



Característica do Portador de Autismo.
O autismo tem seus sintomas manifestados desde o nascimento ou nos primeiros anos de vida, entretanto, a maioria dos pais e/ou cuidadores de crianças não atentam para os comportamentos evidenciados pelas crianças. Esse distúrbio manifesta-se isoladamente ou em associação com os outros distúrbios metabólicos que afetam o sistema nervoso central, tal como a epilepsia, rubéola congênita, espasmo infantil com hipoarritmia e esclerose tuberosa.
Casos mais graves desta síndrome apresentam sintomas como autodestruição, isto é, demonstram comportamentos agressivos direcionados a ela própria, e gestos repetitivos. Os primeiros sinais de autismo podem ser difíceis de serem detectados já nos meses iniciais, entretanto, a mãe, algumas vezes, possui a sensação de que seu bebê apresenta-se diferente das outras crianças em algum aspecto, mas ainda assim, não é capaz de identificá-lo.

Os comportamentos estranhos observados nos primeiros meses de vida do bebê estão relacionados, por exemplo, à falta de consciência do bebê em relação a presença da mãe, a problemas na alimentação, e à falta de interesse a coisas e acontecimentos externos a elas. Gauderer (1993: 144), a respeito disso comenta que:

(...) às vezes, essas crianças passam horas se esfregando nas cobertas dos seus berços...Crianças autistas podem se mostrar fascinadas por luzes, e ficam, freqüentemente horas e horas olhando fixamente uma lâmpada acesa, às vezes, gargalhando e se contorcendo de excitação(...)


Estudos apontam inúmeros comportamentos e reações que caracterizam o portador da síndrome do autismo, dentre eles estão a dificuldade no relacionamento interpessoal, negação de respostas a estímulos, reações anormais a sensações diversas como ouvir, ver, tocar, sentir, equilibrar e degustar. Apresentam também um atraso na aquisição da linguagem, e esta quando se desenvolve, apresenta uma incapacidade de lhe dar um valor de comunicação, que se caracteriza pela ecolalia e inversão de pronomes.
Os indivíduos autistas também manifestam dificuldades em desenvolverem à imaginação, devido apresentarem ausência de brincadeiras de faz-de-conta. Eles não fazem uso de gestos ou expressões faciais para transmitir seus pensamentos e seus sentimentos.
Gauderer (1997), comenta que o choro no portador de autismo pode ser incontrolável ou inexplicável podendo ocorrer também, risadas ou sorrisos sem causa aparente sendo freqüente a reação exagerada (para mais ou para menos) a estímulos sensoriais, como luz, dor ou som.
No que se refere às relações com os objetos o autista não desenvolve relações normais com objetos que a rodeiam demonstrando relações extremas para com eles, que pode ser uma total falta de 
interesse, como pelo contrário, uma preocupação de forma obsessiva, a exemplo de quando se troca algum móvel do quarto o autista pode reagir com espanto através de choro ou gritos parando somente quando o objeto retorna ao seu antigo local.
É notório, quando o indivíduo autista deseja alguma coisa, como por exemplo, abrir a porta, utiliza as pessoas como ferramenta, ou seja, pega a mão da pessoa e a faz girar a maçaneta.
Segundo Gauderer (1997), tanto o relacionamento com as pessoas quanto com os objetos estão alterados no autista, sendo perceptível o interesse apenas por parte da pessoa e não por ela inteira, ocorrendo também, a indiferença ou aversão ao afeto e ao contato físico, à falta de contato visual e de resposta facial. O autor ainda comenta que, há nos portadores de autismo uma fascinação pelos movimentos giratórios que pode ser exemplificado pelo olhar extasiado a ventiladores e qualquer objeto em rotação, como piões, rodas, pratos, dentre outros.
Outra característica do autismo, refere-se a tendência de levar a cabo atividades repetitivas, como por exemplo, dar voltas ou efetuar movimentos rítmicos do corpo como dar palmadas ou movimentar circularmente as mãos.
Vale ressaltar que, é comum nos indivíduos autistas a não identificação de perigos reais, como veículos em movimento ou grandes alturas.


A Família e o  Autista

A família é conceituada como um sistema social pequeno e interdependente, e ainda pode ser encontrado um subsistema ainda menor, dependendo do tamanho da família e da definição de papéis. Buscáglia (1993), discute que todas as pessoas de diferentes maneiras, já obtiveram experiências relacionadas à família e sentiram suas influências, às vezes traumáticas e negativas.
Nesta perspectiva, Spraviore apud Schwartzman et (1995:266), comenta que:


 A família, enquanto subsistema da sociedade, é o espaço em que os seres humanos vivenciam a experiência de construir a sua identidade. È através da família que o ser amplia suas relações com o mundo, sempre se relacionando em grupos. Mesmo quando estamos sozinhos, nossas referências de valores e normas sociais advêm dos grupos que internalizamos no decorrer de nossa vida”.



Assim, seja qual forem os diversos conceitos que se têm sobre a família, é importante salientar que o ambiente familiar é uma força poderosa, que influência no comportamento do indivíduo, que é indispensável à vida de qualquer ser humano.

A notícia da chegada de um novo membro na família pode significar a realização de um sonho, uma conquista, ou estreitamento
do laço afetivo, mas também, pode ser a realização de um ideal onde os pais vivenciam com muita expectativa a vinda dessa criança tão desejada. No entanto, quando essa criança começa a apresentar um desenvolvimento diferente se comparada as demais crianças esse momento passa a ser vivido com muita angústia e desesperança até se chegar a um diagnóstico preciso.
Vale comentar que, quando a família recebe o diagnóstico que seu filho é portador da síndrome do autismo pode acontecer um desequilíbrio dentro desse grupo devido não estarem preparado para o “novo”, ou seja, para lidar com a síndrome do autismo.

“O autismo do filho coloca a família frente a uma série de emoções de “luto pela perda da criança saudável que esperavam. Apresenta, por isso, sentimentos de desvalia por ter sido escolhida para viver essa experiência dolorosa”(Spraviore apud Schwartzman et al 1995: 265).




Spraviore apud Schwartzman et al (1995), relata que na vivência de perda do filho saudável nota-se uma perturbação aguda com os seguintes sintomas: desespero extremamente forte, algumas vezes expresso pelo desejo de morte, raiva, amargura, persistente, sentimento de vingança e de culpa.
Assim, nessa família percebe-se que existe um processo de luto devido o nascimento de uma criança especial, pois o filho saudável que esperavam não existia mais. Assim, as relações familiares passam por mudanças, em virtude de seus membros ainda não se adaptaram a essa nova situação.

O autismo leva o contexto familiar à ruptura entre seus membros, pois interrompe suas atividades sociais normais, o clima emocional transforma-se, no interior e exterior”(SPRAVIORE apud Schwartzman et al 1995:266).

 


Isso tudo se deve ao fato da maioria das famílias com pessoas com necessidades educativas especiais acharem que esses indivíduos não podem aprender, ou se desenvolver. Sentindo-se frustradas e diminuídas frente ao social, pois não podem participar em termos de igualdade do processo da sociedade, já que, a sociedade não valoriza o ser humano que não corresponde as suas necessidades.
Spraviore apud Schwartzman et a (1995),comenta que:       

“A sociedade tem dificuldades de conviver com o "diferente as vezes expressa de forma ou clara, ou sutil, sua insensibilidade, por falta de conhecimento, rejeição e preconceito em relação não só a criança autista, mas a qualquer pessoa com alguma necessidade educativa especial”(p.269),




Após o diagnóstico, vem o momento de adaptação, de aceitação a esta criança. Em algumas famílias esta adaptação pode ser a longo prazo, entretanto, em outras pode se dar a curto prazo, ou seja, varia de família para família. Perske, citado por Powel (1992:57) explica que:

 

(...) quando uma nova criança apresenta uma deficiência, a família com freqüência dispende uma energia além do normal. È necessário abrir a mente e o coração, a fim de que a criança deficiente possa ser compreendida, amada e aceita como membro de um círculo familiar unido. Por outro lado, algumas famílias tornam-se frias com relação a essa criança, e muitos mudam para pior(...)  

 

Um outro fator relevante que influencia na dinâmica da família consiste na aceitação ou rejeição da criança deficiente, sendo assim, a maneira como o grupo familiar enfrentou problemas sérios no passado, está diretamente ligado à maneira como esse grupo enfrentará novos problemas. Buscáglia (1993), afirma que:

(...) uma família pode atuar, dependendo de seu estado psicológico, positivamente como mediadora entre a sociedade em que seu filho viverá e um ambiente mais amoroso, receptivo e consciente de que a mesma poderá oferecer. Para que isso ocorra, é necessário que cada membro do grupo familiar deva adaptar seus próprios sentimentos em relação à criança deficiente e todo o grupo familiar tem a obrigação de compreender que dessa maneira, a mesma poderá, ajudar a criança a ajudar os seus sentimentos em relação à própria deficiência e a si mesma, como uma pessoa completa(...)(p. 89).